"Transformações de uma Estrela"
Na calada da madrugada,
Ryo anda na praia sozinho,
Sem ter um ponto de chegada.
Justamente no meio do caminho
Quando olha pra lua cheia,
Pisa num castelo de areia.
Por ser um rapaz sensível,
Resolve refazer o castelo:
Um procedimento comovível;
Nasce nele o sentimento do belo.
Apesar de não ter nenhum talento,
Jamais queria se sentir um vento.
Em seguida, observa as estrelas;
Inocentemente, faz um pedido:
As estrelas ficam amarelas,
Mas elas lhe dão ouvido.
Pedindo pra os astros com clamor,
Ele quer virar um escultor.
Depois de alguns segundos,
Cruza uma estrela cadente,
Caindo em dois fundos,
Tornando-se um brilho presente.
Estrela caiu no fundo do mar
E em Ryo, bem no seu amar.
Das águas, saem bolhas de agonio,
Algo pede por socorro.
Ryo não se faz de frio,
Corre, saindo dele (pranto) jorro.
Ali no mar, se atira
Pra salvar uma safira.
Nas águas frias da profundeza,
Ele a procura incansavelmente,
E consegue avistar sua beleza;
Mas algo acontece com estrela cadente,
Ela está virando uma estrela-do-mar,
Bem diante do seu olhar.
Estrela-do-mar faz um esboço
Pedindo pra sair do chão.
Ryo a coloca no seu bolso,
E sente uma estranha sensação:
Seu coração pulsa mais rápido,
Porque está ficando cálido.
Ao sair do mar, coloca-a na areia.
Com brandura, começa acariciá-la;
Estrela-do-mar não faz cara feia.
Nas suas mãos, passa a beijá-la,
E ela começa a brilhar
Com a mesma intensidade do luar.
Mas estrela cai da sua mão;
Na areia, começa a afundar,
Causando um grande clarão.
Ryo sem poder enxergar,
Infelizmente, nada pode fazer,
Somente sente o enterro do seu prazer.
Agora, sua alma chora,
A dor de perder um amor.
Aquela luz foi embora;
Há um escuro no seu interior.
Mas, em vez de ficar pirado,
Fica bastante inspirado.
Torna-se um grande sábio;
Sabe que não deve ficar triste.
Ela se eternizou em seu lábio.
Pressente que estrela existe,
Então, fica de sentinela,
À espera da sua Cinderela.
Das suas mãos, sai um pó mágico.
Tudo o que ele pensa se transforma:
Tem na mente um poder fantástico.
Por si, areias criam uma forma.
Pensando em refazer o castelo,
Seu pensamento cria um castelo belo.
Ainda sem acreditar nas mudanças,
Ali, um castelo de areia gigante:
Faz despertar belas lembranças,
É algo brilhante e fascinante.
Fascina-se com aquela beleza,
Parado, pensa em uma alteza.
Quando abre sua vista,
Sai de baixo do castelo
Uma mulher nativista:
Mamas cobertas por cabelo;
Não é nenhuma miragem,
É aquela estrela com imagem.
Ela anda lentamente,
Sorrindo, indo em sua direção;
Ryo fica inconsciente,
Não domina tamanha emoção;
E quando recebe um aliso
Já se sente no paraíso.
Totalmente estátua e mudo,
Ele está paralisado
Com cara de bicudo;
Deseja ser beijado.
Então, ela estala os dedos
Pra lhe mostrar seus segredos.
De volta à realidade,
Dá nela um abraço forte.
No beijo, sente a felicidade,
E passa a ter medo da morte,
Pois pela primeira vez sente a vida,
Estando ao lado dessa querida.
Como testemunha a lua cheia.
Cria um clima romântico;
Com frutos do mar, faz a ceia;
Sedução vem em um cântico;
Ondas reproduzem melodia;
Com sua doce voz, a leva à euforia.
Dançando bem juntinhos,
Liberam um enorme calor.
Há recíprocos carinhos,
Corpos exalando um odor;
"Hum" cheiro que enfeitiça,
Até areia fica movediça.
Da areia, fazem o leito:
Auras começam a brilhar;
Um fazer amor perfeito;
Sente-se em cada respirar.
Visto de lá de cima,
Isso é uma obra-prima.
Após o esplêndido amar,
Ela dá nele um beijo de despedida
E caminha em direção ao mar,
Sem deixar nenhuma ferida.
Na margem, parte-se em estrelas,
Assim, virando duas abelhas.
Cada abelha vai pra um lugar;
Uma vai para o céu
E a outra para o mar.
Céu e mar, agora, têm mel:
Semblantes cheios de doçuras,
Com ares de fofuras.
Ryo não esquece aquele momento.
Neste instante, tem uma síndrome,
Bate um grande arrependimento
Por não ter perguntado o nome
Dela. Mas onde quer que esteja olhando,
Ele está sempre a admirando.
Ruilendis