O Texto Incompreendido
Era uma vez um texto grande
que criava palavras lindas, doces... e morava num
apartamento branco chamado livro; era muito preconceituoso, fechado e não
queria que as suas palavras fizessem amizade com as pontuações, porque eram
insetos pequenos e esquisitos que sentiam atrações pelas palavras.
Já queria que o seu
apartamento fosse o mais visitado de todos, pois os visitantes (a maioria),
muitas vezes, deixavam presentes; mas ele era desprezado e incompreendido pelos
visitantes: turistas: olhos, que davam uma espiada e iam embora sem ao menos
colocar as “mãos” no apartamento dele, mas viviam visitando constantemente os
outros apartamentos. Os vizinhos: os outros textos, eram
bem visitados, compreendidos e viam os olhos encantados.
O texto incompreendido
ouvia e sentia o barulho das mãos nos apartamentos dos vizinhos, não entendendo
o porquê de receberem tantas visitas e haver sempre encantamento nos outros
apartamentos.
Por se sentir muito
desprezado, acabou arrasado e doente, ficando de cama. Então as palavras dele
ficaram sem cuidados, carinho e atenção. E as pontuações, que viviam sendo
expulsas, aproveitaram o momento de doença do texto, entraram no apartamento
uma por uma e fizeram amizade com as palavras, as quais se apegaram a elas
rapidamente.
Já no dia seguinte, o
apartamento estava cheio de pontuações, que ficavam sempre ao lado das palavras.
Algumas palavras pareciam ter nascidas para viver com algumas pontuações assim
como algumas pontuações pareciam ter nascidas para viver com algumas palavras.
A amizade fez com que o
apartamento do texto incompreendido ficasse sendo visitado. Os olhos que,
antes, nem entravam, passaram a entrar e contemplar cada parte do apartamento
por muito tempo e achar o texto um compreensível; eram sensíveis e adoravam ver
por todo canto
a amizade e compreensão entre as palavras e as pontuações, as quais viviam de dedos
dados.
Como o apartamento passou a
ficar cheio de turistas, sumiu de imediato a doença do texto, o qual mudou para
melhor e passou a ser compreendido e admirado. E, ele, notando que a amizade
que fascinava das palavras com as pontuações era o segredo de tantas visitas,
não mais implicou com as pontuações, deixando as mesmas viverem no apartamento como
fossem crias suas.
Ruilendis