"Templo a Céu Aberto"


O meu templo é a céu aberto.
Aquele céu, que é um véu,
é a cobertura do templo,
cujas crianças escarcéu
empinam, deixam-me coberto
pela voz do Senhor - do exemplo.

Eu não necessito de assento.
Nas mãos da terra, oro deitado,
do mesmo modo que o Senhor,
de bruços, imponente, lá! ao vento,
nas mãos do espaço, só! que calado.
Já eu brado repleto de dor.

Não é pro Senhor minha oração.
Não oro pro Senhor, que tem tudo.
Eu oro para quem nada tem,
não tem nem um bom dia! sequer nem...
Ó monte de indigente! não és mudo,
ouço tua dor em meu coração

Olha! esta chuva, que se atira em mim
e consola meu corpo, é água benta,
as goteiras de minha cobertura.
A minha alma está coberta, veste fé.
Para sentir a luz que nina no céu,
preciso adormecer as trevas da terra.

Se sou alienado pro homem daqui,
eu sou sereno para o homem de lá!
Eu serei sempre uma crença ambulante.
Por que te escondes atrás do véu, Comandante?
O Senhor é feio? O mar te refletirá
belo. Revela tua intocável face a mi.


Ruilendis