"Sertão"


O pé de sertão é fecundo,
Mas com cara de moribundo.

Sem dormir, estômago ronca,
Boca vive na maior bronca.

Família com necessidade
Migra para grande cidade.

Vive pedindo ao céu que chova,
Semente quer findar na cova.

Peixe na mão do tubarão
É bem tratado na eleição.

Moço está no fundo do poço,
O chafariz ficou no esboço.

Suplica chuva para o santo,
Mas águas vêm só do seu pranto.

Ó bosque repleto de mato,
O que mais se cultiva é cacto.

Terra dura, mas com fraqueza,
Nela já cresce mais pobreza.

Sol, que castiga e, às vezes, mata,
A pele recebe chibata.

A seca é cheia de felinos
Que calam sinos de bovinos.


Ruilendis