A Flor Meiga

A Flor Meiga

 

Lembro-me bem desse sonho: andando no mágico jardim da casa de Deus e contemplando as flores dele - uma flor me chamou a atenção - uma pequena rosa que parecia muito tímida, fechada, triste e que, às vezes, abria-se com um olhar meigo. Notei que algo estava errado por ela agir daquela forma; e ao chegar perto dela, vi que tinham puxado uma de suas pétalas; ela tinha uma ferida em que saíam algumas gotas de sangue rosa. Pelo jeito que estava muito fechada, devia estar sentindo bastante dor.

Como eu já tinha sentido aquela dor, logo, desceu algumas lágrimas de mim. As minhas lágrimas eram da cor de rosa e saíam de um só olho. O vento fez com que uma lágrima minha caísse nela; lágrima, que a fez se abrir e olhar para mim. Como um passe de mágica, um segundo do olhar dela foi o suficiente para me conquistar, e acabei me apaixonando por ser tão meiga. Mas, depois, fechou-se.

Para a flor se abrir para mim mais uma vez, dei-lhe um suave sopro, a toquei levemente com meu dedo mindinho e falei baixinho: - Você é a flor que falta em meu jardim; as minhas lágrimas são a forma mais sincera de demonstrar o quanto você é importante para mim; olhando para seu jeito doce, acabei descobrindo a verdadeira beleza de uma flor; nos dias de chuva e frio, meu corpo vai ser o seu cobertor dando o calor que você tanto precisará.

Depois de ouvir as minhas doces e sinceras palavras, abriu-se com um sorriso brilhante e falou baixinho: - Meu nome é Rosinha. Quem me machucou foi o vento, mas eu já o perdoei. Suas palavras foram mágicas e curadoras: curaram minha ferida, fazendo nascer uma pétala mais rosa que a outra, a qual está cobrindo uma família de moscas. Você, que me olha encantado, é um sonho realizado. Desejo que você cuide de mim até o resto de minha vida.

E, quando ela parou de falar, despertei do sono, acordando para vida.

O sonho me revelou que, até onde Deus vive, existe dor; o vento que a feriu, uniu-nos; e uma família se beneficiou da pétala caída. Rosinha não era a mais linda das flores, mas tinha algo que a fazia ser a mais especial: era a única flor meiga.

 

 

Ruilendis