Filho Decepcionante
Criei um filho (um poema) com
muito afeto: eu passava a maior parte do tempo dedicando-me a ele.
Eu era um pai amoroso e
atencioso. Para agradá-lo, dei-lhe rimas, ritmos e versos regulares. Apesar de
tudo, ficou arrogante, convencido, falava muita grosseria e mexia com os outros
atirando pedras no ego dos mesmos; além disso, era cruel, despertava a ira de
várias pessoas e adorava maltratar animais, principalmente bestas.
A culpa de ele ter ficado desse
jeito foi minha? Ou foi má influência dos outros?
Por ele, uma dessas pessoas
que tiveram o ego machucado, jogou-o no chão, pisou em cima, fez picadinho dele e,
ainda, por cima, atirou-lhe fogo. Fiquei traumatizado ao ver essa cena trágica;
mas eu não pude fazer nada para salvá-lo, pois estávamos distantes. Eu ria e
chorava ao mesmo tempo ao contemplar os restos mortais de Satírico subindo,
indo para o céu. Eu pensei: - Será que meu filho vai para o paraíso?
Os restos mortais dele, os quais eram pretos, pareciam urubus
sobrevoando a cabeça de quem o aniquilou.
Ruilendis