"Cotidiano"


O Sol ainda nem resplandeceu,
O despertar vem do canto do galo;
Pronto! um novo dia para o plebeu;
Mas em seguida, sente um grande abalo.
Vem mais uma jornada de trabalho,
E já dá aquele frio na barriga,
Lembrando que vai carregar cascalho.
Antes mesmo de ir, já sente fadiga.

Não pode fugir e nem largar tudo.
Sem opção, tem que pegar no batente;
Todo o sustento apenas vem do feudo,
E a família, também, é dependente.
No laço da família, encontra a força
Para enfrentar mais um dia penoso.
Depois, passa muito tempo em carroça
E com um povo, também, lastimoso.

Mais que saco! fazer o que não gosta,
Obedecer às ordens do patrão,
Além de ser tratado como bosta,
E, às vezes, seguido de xingação.
Dias inteiros e uma vida inteira
De trabalho sem ser reconhecido,
Pagamento que mal dá para feira,
Cotidiano vive deprimido.


Ruilendis