"Catador"


Na cidade, a selva dos poucos racionais,
Onde reina "a lei do mais sorte" e do mais esperto,
O catador anda sentindo-se num deserto.

"Puxa!ndo" o seu carrinho, à procura de metais,
Garrafas, papeis... logo, muitos que estão andando
De carrão acham-no um animal, olhando pandos
De penas hipócritas, que tocam Deus jamais.

Imundo: quase todo mundo ainda o habitua.
O que aparenta ser bem-educado e estudado,
Antes de expor o imundo, olha para todo lado,
De dentro do carrinho, lança lixo na rua.
Já o catador olha prá todo lado, ansioso;

Sem medo de ninguém, tem medo de encontrar nada
Na rua. Em sua viagem cheia de parada,
Todo canto já o deixa todo olho esperançoso.
Cada papel, cada garrafa, cada metal,
Que preenche o carrinho dele é um osso terminal
Que deixará prá cima a alma e o corpo vigoroso.


Ruilendis