"A Carta"


O coração com saudades, bem franco,
fez a mão transformar a folha em branco
em uma pomba branca mensageira
sem asas, mas com pena verdadeira;
pena de não estar com quem se almeja,
na distância, que amarra e já apedreja.
Em contrapartida, a pomba se parte
levando belos sentimentos, a arte
feita de coração que imita a vida
e até tem perfume da flor sofrida.

Depois de tanto sono na sacola
do carteiro, em seu destino, consola
com palavras, porém, sem dizer nada;
a pomba se deixa ser despenada,
amada e cheirada pelo motivo
que a fez existir e fica emotivo,
sem palavras, para expressar o quanto
sente-se num universo de encanto
com um pedaço de quem tanto se ama;
pedaço em letras que tira um da lama.


Ruilendis